Era uma manha relativamente fria, com uma ventania, a mesma que vi pela manhã de hoje, que nos causava certo estranhamento. Tempos difíceis, final da ditadura militar, com o país mergulhado numa crise econômica e social, as quais fizeram virar pó o poder dos gorilas que, vinte anos antes, haviam tomado de assalto o poder do país. Mas, a crise econômica era tamanha, que meus pais se viram obrigados, nadando contra a maré do senso comum, a migrarem de uma das maiores cidades do mundo, para uma pequena cidade do interior, Uberaba, na qual meu pai havia aberto uma filial de um escritório de cobranças, que pouco tempo antes tinha constituído em São Paulo. Veio pra cá, pois aqui o custo de vida era infinitamente menor. Foi assim que os filhos de Walter e Luzinete, Soraia, Érick e Adriano, junto com seus pais, numa manhã de São João, 24 de junho de 1984, chegaram a Uberaba. Para além da ventania e a consequente poeira do então jovem conjunto Alfredo Freire (o bairro havia sido const